segunda-feira, 5 de março de 2007

Caderno

Este é um poema a régua e compasso:
desenha a esquadria de mundos coloridos,
berlindes, caricas, balões a voar.

No céu da infância as nuvens são brinquedos.

A esquadria está repleta de números
espreitando atrás das grades, em fuga acelerada
para o jardim. Bandas de números num coreto
vermelho e um chapéu de chuva azul.

No jardim da infância a chuva é um brinquedo.

No interior das linhas, as letras equilibram-se
num trapézio. Num baloiço de cores. Seguindo
um carreiro de formigas, no balanço.

Nas linhas da infância as formigas são brinquedos.

Devagar aparece um caracol.
O sol da infância é um brinquedo alto.
Aberto e acessível, como um girassol.

Os telhados da infância são brinquedos.
Na esquadria, as casas desabam lentamente,
e sem cair, adormecem a cantar.

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