quinta-feira, 8 de março de 2007

Pomar

Este é um poema em forma de trapézio:
os seus lados paralelos desenham uma
geometria de laranjais, obliquamente
atravessada pelos passos de quem passa,
duas linhas de terra, abrindo um chão de ervas
altas e molhadas. No interior, tangente (ou quase)
à linha mais à esquerda, um círculo assinala
a dimensão da queda, num poço com escada
em caracol. Ploc, faz uma pedra no espelho
da água onde a ninfa vem nadar.
A área do trapézio é calculada pelo tempo
que atravessa o laranjal: varia com a chuva,
ou com a memória isósceles de alguns dias
escalenos, na matemática subtil dos ângulos
de alguns versos, com vista para laranjas e pardais.

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