domingo, 20 de maio de 2007

Retrato

No jardim do paraíso a calma tem
o vago brilho azul da madrepérola,
o vento tem reflexos de cascatas
densas, verdes como as águas altas

e tem aromas de baunilha e flores
de mel. O silêncio é um pássaro,
um coração de um pássaro pulsando,
e tem recantos do ainda e agora,

cantando, como tu, na tarde calma,
por uma pauta de sol. No jardim
do paraíso a noite é de veludo

e tem a graça obscura das fogeiras
antigas ardendo devagar. E tem olhos
ainda mais antigos, ou lagos de avelã.

sábado, 12 de maio de 2007

Arte poética, com sardinheiras

Abro o mapa de Lisboa e o que vejo
é um pequeno e aéreo coração radial.
Um leque sobre o tejo, é o que vejo
semi-aberto ao abrigo do oceano,
vendo passar, deitado, ideias de
navios
, no vento brando de quem teve
mais para ver. Aproximando, é uma manta
de telhados, com praças e tapetes
de árvores entre, e ruas com pássaros
azuis
. À margem do mapa, na varanda
os meus gerânios florescem outra vez.

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